A medicalização do sofrimento e o sobrediagnóstico da depressão
Palavras-chave:
Depressão, Sobrediagnóstico, Sobretratamento, Medicalização, SofrimentoResumo
O uso de manuais diagnósticos e o esforço estatístico para a catalogação de transtornos mentais têm sido tema de reflexão para gerações de profissionais e pesquisadores. Embora haja um esforço para universalizar e transculturalizar categorias psicodiagnósticas, também há necessidade de abandonar um modelo exclusivamente biológico, dando espaço para uma compreensão cultural das manifestações do sofrimento psíquico. A depressão vem sendo tratada como uma epidemia por variados atores internacionais da saúde, levando a um aumento exponencial de prescrições farmacológicas e a custos significativos para os sistemas de saúde. Contrariando esse alerta, um conjunto teórico substancial sugere uma tendência global de medicalização do sofrimento humano na experiência da depressão, resultando em um sobrediagnóstico do quadro que traz consequências adversas para os usuários dos serviços de saúde. A partir de uma preocupação ética, metodológica e científica para promover uma ciência crítica e uma boa prática clínica, este ensaio busca discutir os fatores que concorrem na configuração do processo de medicalização da depressão, como o indivíduo diagnosticado pode ser descentralizado de sua experiência e como os processos de formulação de diagnóstico e intervenção clínica são influenciados por fatores teóricos, econômicos, sociais, políticos e circunstanciais, levando a uma individualização de problemas sociais e contextuais.
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